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O que é a cinemática da bicicleta e por que ela importa para os seus pedais?

1 novembro, 2024

Entenda como funciona a suspensão traseira da sua bicicleta e como ela pode ajudar você a melhorar o desempenho, com mais conforto, segurança e eficiência nas pedaladas

Se você é do tipo de ciclista que leva o esporte mais a sério, provavelmente já ouviu falar do termo “geometria do quadro da bicicleta”. Caso contrário, ele se refere ao conjunto de ângulos e linhas que formam o quadro da bike, responsável por sua “personalidade”. Um quadro de enduro, por exemplo, é mais longo, com a caixa de direção e o garfo mais inclinados, enquanto os modelos de cross-country tendem a ser mais curtos, com caixas de direção e garfos mais verticais.

Assim como a geometria, a cinemática define a personalidade da suspensão traseira da bicicleta, indicando como ela se comporta ao transpor buracos, em saltos, frenagens e até mesmo quanta energia pode “roubar” da sua pedalada.

Bicicletas como a Oggi Cattura, assim como a Potenza, a Razzo e a Forza, utilizam uma suspensão traseira no estilo “four-bar”, com pivô Horst-link no chain-stay com shock, na vertical ou horizontal, acionado por uma linkagem. Esse tipo de design permite manipular precisamente todos os aspectos da cinemática da suspensão, adequando a bicicleta ao seu uso indicado.

Com o sistema four-bar, por exemplo, uma bike de XC como a Cattura pode ser eficiente na pedalada, nas subidas e nos sprints, enquanto modelos mais voltados para descidas, como as elétricas de alto desempenho da Oggi, podem ter melhor performance em descidas, buracos e saltos.

Ficou curioso para entender como isso funciona? 

Então vamos aos detalhes!

Anti-Squat 

Quando pedalamos a bicicleta, a aceleração faz o peso se transferir para trás, comprimindo a suspensão traseira da bike. Em resumo, essa é a explicação simplificada do fenômeno conhecido como “PEDAL BOB”, que é aquele movimento para cima e para baixo presente em muitas bikes, que acaba “roubando” parte da energia do ciclista. Justamente por isso, bicicletas de alto desempenho para XC, como a Oggi Cattura possuem travas que permitem eliminar completamente esse movimento.

Porém, melhor do que depender da trava, que pode prejudicar a tração da bike, a opção ideal é contar com um quadro com um “anti-squat” eficiente. Basicamente, esse recurso de projeto permite criar um desenho que utiliza a própria força do ciclista para contrabalancear o “PEDAL BOB” do pedal, mantendo a bike estável durante a pedalada, sem movimentos indesejados na suspensão.

Vale destacar que o “anti-squat” não é fixo, variando conforme peso, maneira de pedalar e o curso da suspensão e até mesmo com a marcha engatada no momento. Isso acontece porque o segredo para equilibrar os movimentos da suspensão está em usar a corrente da bike para “puxar” a suspensão, contrabalanceando a transferência de peso.

Para simplificar a visualização deste efeito, criamos o modelo abaixo, que representa uma bicicleta com um único pivô elevado na suspensão traseira, localizado acima da coroa – um dos desenhos mais simples de suspensão de bicicleta, mas ideal para ilustrar o conceito de anti-squat.

Como você pode ver na imagem, quando a energia da pedalada é maior que o deslocamento de peso, a suspensão se estende durante a pedalada (anti-squat maior que 100%). Quando o deslocamento de peso é maior que a energia da pedalada, a suspensão afunda (anti-squat menor que 100%).

Quando as duas forças são iguais, a suspensão não se movimenta durante a pedalada (anti-squat igual a 100%). Para alterar o comportamento dessa suspensão, no caso dessa bicicleta, basta ajustar a altura do pivô. Quanto mais alto o pivô, maior será o anti-squat. Porém, fazer isso aumenta consideravelmente os problemas causados pelo próximo item neste texto, o Contragolpe do pedal, ou Pedal Kickback.

Kickback do pedal

Não existe ação sem reação, e isso significa que, assim como a força da pedalada pode influenciar o comportamento da suspensão da bicicleta, o movimento da suspensão também vai “puxar” a corrente, afetando diretamente a sua pedalada com o fenômeno conhecido como pedal kickback, ou contragolpe do pedal.

Neste efeito, que você pode entender melhor na imagem acima, a pedivela da bicicleta roda para trás conforme a suspensão afunda em seu curso, criando uma sensação desagradável, que torna a pedalada mais “quadrada” em terrenos acidentados. 

Isso significa que, em situações em que você não está pedalando, mas a suspensão está sendo amplamente utilizada, como nas descidas esburacadas e nas aterrissagens de salto, a bike está mais livre para trabalhar, sem que a suspensão interfira com seus pés e sem que seu peso impacte muito em seu funcionamento.

Para sentir bem esse efeito, um bom teste é retirar a corrente da bicicleta e descer uma ladeira esburacada. Imediatamente, você notará que a suspensão fica muito mais macia e responsiva, já que seu peso na pedivela não está afetando seu funcionamento. Inclusive, um recurso que vem sendo amplamente utilizado em provas de downhill nos últimos anos são as coroas e cubos com mecanismos de desacoplamento, que permitem que a suspensão trabalhe livremente, sem contragolpe nos pedais.

Anti-Rise

O Anti-rise é a versão oposta do anti-squat e é responsável por manter a geometria da bike estável durante as frenagens, especialmente quando a trilha fica mais inclinada. Para isso, ele utiliza a potência do freio traseiro para gerar uma força que “puxa” a suspensão para baixo, evitando que ela se estenda quando o peso se desloca para frente. Com esse recurso, a geometria da bicicleta sofre menos alterações.

Imagine que, em uma descida inclinada, ao acionar os freios, a suspensão dianteira se comprime, enquanto a traseira se estende. Com isso, a caixa de direção fica mais “em pé”, deixando a bike mais arisca e difícil de controlar — tudo o que você não quer nesta situação.

O Anti-rise ajuda a contrabalançar essa tendência, evitando que a suspensão traseira se estenda. Inclusive, é possível criar uma bicicleta que “afunda” a traseira ao acionar o freio, algo que acontece com bicicletas com mais de 100% de anti-rise. Por outro lado, uma suspensão com menos de 100% de anti-rise vai se estender com o freio traseiro acionado.

Vale destacar que, apesar de parecer positivo, muito anti-rise acaba limitando os movimentos da suspensão quando estamos freando, o que prejudica a tração e a capacidade do pneu em seguir o terreno, dois grandes pontos negativos. Por isso, assim como no anti-squat, o segredo aqui é atingir um bom meio-termo, adequado para o uso proposto da bicicleta.

Curva de alavanca

A curva de alavanca indica quantos centímetros o shock da bicicleta vai se movimentar para cada centímetro que a suspensão traseira se movimenta. Uma curva 2:1, por exemplo, indica que, para cada dois centímetros de movimento no eixo traseiro, o shock vai se comprimir em 1 centímetro. Com isso, é possível ter um curso longo sem precisar de um shock igualmente longo.

Assim como os outros itens deste texto, a curva de alavanca vai variar de acordo com o projeto de cada bike e também de acordo com o curso da suspensão. Algumas bicicletas têm uma curva mais linear, mantendo-se dentro de um mesmo valor ao longo de seu curso, enquanto outras podem ser progressivas ou mesmo regressivas.

Assim como acontece quando variamos o tamanho de uma alavanca, alterar a curva de alavanca modifica como a suspensão se comporta, deixando-a “mais dura” ou “mais macia”. Por exemplo, uma curva progressiva cria uma suspensão mais macia no início do curso e mais dura no fim, permitindo uma boa leitura de terreno, mas com boa resistência às pancadas no final do curso.

A definição dessa curva depende de muitos fatores, inclusive do tipo de shock utilizado. Os shocks a ar, por exemplo, são naturalmente progressivos (imagine apertar uma seringa tampada), por isso a suspensão pode ter um desenho mais linear. Porém, em suspensões criadas para shocks de mola, que são naturalmente lineares, a progressividade deve estar presente na suspensão para evitar que a bike seja “dura” no início do curso, mas que ainda assim sofra com pancadas mais fortes.

Conclusão

Como você pode imaginar, projetar um quadro com suspensão traseira é bem mais complicado do que parece. Até porque todos esses fatores citados no texto, e mais alguns outros, podem ser completamente modificados ao mover um link ou pivô apenas alguns milímetros.

Por isso, a equipe de desenvolvimento da Oggi investe milhares de horas desenvolvendo e testando os produtos da marca, sempre em busca do funcionamento perfeito para cada situação. Assim, se sua ideia é andar com mais conforto e desempenho, o melhor a se fazer é deixar quem entende do assunto cuidar disso para você.

Por isso a OGGI É A SUA MELHOR ESCOLHA!

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